Luto, sensibilidade e ativismo: o feminino de Eunice Paiva em Ainda estou aqui

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DOI:

https://doi.org/10.35520/diadorim.2025.v27n1a67618

Abstract

Este trabalho aborda a temática do feminino em Eunice Paiva, no premiado filme Ainda estou aqui (de Walter Salles), pela ótica de duas articulistas: Conceição Freitas (“Metrópoles”) e Júlia Pessôa (“#Colabora”), que refletem sobre a ascensão do filme e sua vitória, especialmente no Globo de Ouro de 2025, colocando em projeção a imagem de Paiva.
Para a avaliação da tomada de posição das articulistas, examinamos tanto o dispositivo argumentativo próprio dos artigos focalizados, quanto alguns procedimentos discursivos de identificação e qualificação presentes no corpus. Assim, buscamos averiguar a emergência de um feminino que deságua num ativismo amoroso – lugar de superação de lutos – tomado como ação e construção, e não apenas como sentimento.
Nesse sentido, apontamos para a quebra de estereótipos e imaginários vinculados à ideia de feminismo como sinônimo de luta enquanto violência.
Como desdobramento, objetivamos, ainda, desnudar a argumentação implícita presente na obra ficcional, conforme sugerido nos artigos avaliados.
Assim, este trabalho se justifica como uma reflexão sobre a construção da memória coletiva brasileira, no tocante às relações entre política e feminino, e como uma colaboração para a leitura crítica de novas gerações acerca do tema e de seus atravessamentos. Em termos teórico-metodológicos, buscamos o apoio não só da Análise Semiolinguística do Discurso (Charaudeau, 2008; 2016; 2019), focalizando-se o modo de organização argumentativo e as operações de identificação e qualificação, como também de pesquisas acerca do feminino, ajustando o olhar para a relação entre feminino/feminismo e política, no quadro de um ativismo amoroso (hooks, 2021; Perrot, 2007; Muraro, 1969; entre outros). Os resultados indicam, pelo exame da argumentação focalizada, (i) que o feminino vai se construindo como reivindicação de uma sensibilidade amorosa e, colateralmente, (ii) que a arte é importante espaço de defesa de uma tomada de consciência política e de ressignificação de dada memória coletiva.

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Autor/innen-Biografien

Patricia Ferreira Neves Ribeiro, Universidade Federal Fluminense. Niterói, RJ, Brasil.

Patricia Ferreira Neves Ribeiro é Mestre (2000) e Doutora (2007) em Letras Vernáculas (Língua Portuguesa) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com pós-doutorado supervisionado por Patrick Charaudeau, professor emérito da Universidade de Paris 13. É Professora Associada 4 de Língua Portuguesa do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas e do Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagem do Instituto de Letras da Universidade Federal Fluminense (UFF). É uma das líderes do Grupo de Pesquisa em Semiolinguística: Leitura, Fruição e Ensino (GPS-LeiFEn/UFF/CNPq), além de membro do Círculo Interdisciplinar de Análise do Discurso (CIAD-RIO) e do Grupo de Trabalho de Linguística do Texto e Análise da Conversação (GTLTAC-ANPOLL). Entre 2014 e 2018, foi uma das coordenadoras de Língua Portuguesa do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID-UFF). Desenvolve pesquisas em Linguística do Texto e em Análise do Discurso de orientação Semiolinguística, voltadas, sobretudo, para os seguintes temas: linguagem/mídia/política/feminino, com ênfase nos processos enunciativos e imaginários sociodiscursivos; e ensino de língua materna em dimensão discursiva. Tem publicações em revistas e em livros nestas áreas de estudo.

Rosane Santos Mauro Monnerat , Universidade Federal Fluminense. Niterói, RJ, Brasil.

Rosane Santos Mauro Monnerat é Professora Titular do Curso de Letras da Universidade Federal Fluminense, é doutora em Letras Vernáculas – Língua Portuguesa – pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com Pós-Doutorado em Estudos Linguísticos pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Atua no Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagem da UFF, mais especificamente, na Linha de Pesquisa “Teorias do texto, do discurso e da tradução". Desenvolve sua reflexão teórica na interface linguagem, sociedade e mídia e ensino de Língua Portuguesa, possuindo inúmeros trabalhos publicados nessas áreas. É vice-coordenadora do grupo de pesquisa CIAD (Círculo Interdisciplinar de Análise do Discurso, da UFRJ), participando também do grupo Leitura, Fruição e Ensino, na UFF (Leifen/UFF). É membro do GT de Linguística Textual da ANPOLL.

Luciana Paiva de Vilhena Leite , Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

Luciana Paiva de Vilhena Leite é Mestre (2003) e Doutora (2008) em Letras Vernáculas (Língua Portuguesa) pela UFRJ e Professora Associada 2 do Departamento de Letras/Escola de Letras da UNIRIO desde 2010. Atualmente é Pós-Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem da UFF. É vice-líder do Grupo de Pesquisa da UNIRIO: Literatura e Linguagens – fronteira, espaço, performance, memória e participante do Grupo de Pesquisa – Leitura, Fruição e Ensino (LeiFen). Participa, ainda, do Círculo Interdisciplinar de Análise do Discurso (CIAD-Rio). Seus interesses de pesquisa voltam-se para a temática do discurso de/sobre as vozes femininas sob a vertente da Teoria Semiolinguística de Análise do Discurso, mas também para áreas interdisciplinares, como os estudos literários e os estudos sobre a leitura. Na extensão, seu interesse é o diálogo entre a universidade e a comunidade extracampi.  Nesse sentido, atua como coordenadora do Projeto de Extensão ‘Pré-Vestibular - Letras: olhar social integrado e ações de inclusão’ e do Programa de Extensão ‘Da periferia à Universidade: difusão cultural colaborativa em comunidades do Rio de Janeiro’, além de ser colaboradora do Projeto de Extensão ‘Remição de pena pela leitura’, todos na UNIRIO.

Veröffentlicht

2025-08-13

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Rubrik

DIADORIM VOLUME 27.1 – Dossiê de Língua - Texto e interfaces: uma homenagem à Maria Aparecida Lino Pauliukonis