A carta/letra e seu caráter indestrutível: Lacan com Derrida

Autores

  • Bruna Guaraná UFRJ

Resumo

O presente artigo buscará explicitar a crítica lembrada por Jacques-Alain Miller (2005) da objeção de Jacques Derrida à Jacques Lacan no que tange ao aspecto "indestrutível" da carta/letra no “O Seminário sobre ‘A carta roubada’” (1956). Primeiro vamos retomar a leitura de Jacques Lacan do conto de Edgar Allan Poe no “O Seminário sobre ‘A carta roubada’” (1956), com destaque para a função que cumpre a letra/carta em circulação na trama, e depois situar o aspecto de "indestrutível" da carta na crítica de Derrida em “O carteiro da verdade” (1975). Nossa hipótese é que o aspecto ressaltado por Jacques Derrida (1980) tem relevância e se aproxima do que Jacques Lacan referia no Seminário 20 (1973) a respeito da dimensão do “real”, próximo ao "gozo" como o que “não pára de não se escrever” (Lacan, J. 1973, p. 65). Leitura que podemos posteriormente considerar a partir de “Lituraterra” (1971), não como o “real” que corresponda à uma verdade, mas aquele que faz “furo no saber” e que a letra/carta faz “borda” (Lacan, J. 1971, p. 18).

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Biografia do Autor

Bruna Guaraná, UFRJ

Doutoranda do PPG em Teoria psicanalítica da UFRJ

Referências

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Publicado

2020-10-13