No princípio toda língua é estrangeira: poesia e tradução em Ana Martins Marques
Resumo
O artigo aborda recorrências em livros de Ana Martins Marques, como a constante reflexão sobre o processo de escrita, por meio da qual o poema se apresenta como esboço de uma filosofia da linguagem, investigando limites entre nomear e traduzir / transpor de um lugar a outro. Ou, ainda, as relações entre escrita poética e certa concepção de tradução. Esses traços parecem assumir o caráter de eixo estrutural em De uma a outra ilha (2023), desde o título: não se trata de tematizar uma ilha ou outra, mas de poetizar o trânsito entre elas. Outro traço marcante dessa poética é abordado pela consideração de uma nota da autora que sinaliza a apropriação literal de uma série de textos, por parte do livro/poema: a fricção entre gêneros, no trânsito entre tom íntimo e ensaísmo (e certa concepção de escrita não-criativa). O texto se dedica a pensar as relações indicadas.
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