Obras autobiográficas indígenas colaborativas: o relato de vida indígena

Authors

  • Juliana Salles UFRJ

Abstract

Partindo dos estudos da escrita autobiográfica, percebe-se a predominância de narrativas de homens brancos pertencentes às mais altas classes sociais. Com a abertura da concepção tradicional do autobiográfico, pode-se ter acesso a narrativas bastante diversificadas, inclusive as indígenas. Um tipo de narrativa autobiográfica indígena é o relato de vida que, mesmo encenando por si só alguns paradoxos, é uma maneira de os nativos conseguirem que suas vozes alcancem o maior público possível. Os relatos de vida são narrativas contadas oralmente por um indivíduo, o chamado modelo, e ouvidas, transcritas e editadas pelo redator. Esta forma de escrita autobiográfica em colaboração é uma prática que possui registros datados dos séculos XIX e XX, quando religiosos, antropólogos e/ou escritores trabalharam para relatar a experiência de vida dos sujeitos indígenas junto aos seus.

Downloads

Download data is not yet available.

Author Biography

Juliana Salles, UFRJ

Doutoranda em Ciência da Literatura na UFRJ

References

ALBERT, Bruce; KOPENAWA, Davi. A queda do céu: palavras de um xamã yanomami. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.

ASHCROFT, Bill, et al. Post-colonial studies: the key concepts. Nova Iorque: Routledge, 2007.

ALMEIDA, Maria Inês de; QUEIROZ, Sônia. Na captura da voz: as edições da narrativa oral no Brasil. Belo Horizonte: Autêntica; FALE/UFMG, 2004.

BARNETT, Don. Bobbi Lee Indian Rebel: Struggles of a Native Canadian Woman. Richmond: LSM Press, 1975.

BURGOS, Elizabeth. Meu nome é Rigoberta Menchú e assim nasceu minha consciência. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1993.

FOUCAULT, Michel. A Ordem do Discurso. São Paulo: Edições Loyola, 2011.

KRUPAT, Arnold (ed.). Native American Autobiography: an Anthology. Wisconsin: The University of Wisconsin Press, 1994.

LEJEUNE, Philippe. O Pacto Autobiográfico: De Rousseau à Internet. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2014.

MARACLE, Lee. Bobbi Lee Indian Rebel. Toronto: Women’s Press, 1990.

PATROCÍNIO, Paulo Roberto Tonani. “Literatura Marginal, uma literatura feita por minorias”. Em: Escritos à Margem. Rio de Janeiro: FAPERJ, 2013. p. 23-64.

ROSA, Francis Mary Soares Correa da. “A literatura indígena brasileira: um movimento de afirmação política e identitária”. Em: Brasiliana – Journal for Brazilian Studies. Vol. 5, n. 1. Novembro, 2016.

SANDS, Kathleen Mullen. “Collaboration or Colonialism: Text and Process in Native American Women’s Autobiographies”. Em: MELLUS. Vol. 22, n. 4. p. 39-58. Inverno, 1997.

___________. “Narrative Resistance: Native American Collaborative Autobiography”. Em: Studies in American Indian Literatures. Series 2. Vol. 10, n. 1. p. 1-18. Primavera, 1998.

SANTIAGO, Silviano. Uma Literatura nos Trópicos: ensaios sobre dependência cultural. Rio de Janeiro: Rocco, 2000.

SMITH, Sidonie; WATSON, Julia. Reading Autobiography: A Guide for Interpreting Life Narratives. Minneapolis: The University of Minnesota Press, 2010.

THIÉL, Janice. Pele silenciosa, pele sonora: a literatura indígena em destaque. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2012.

TODOROV, Tzvetan. A conquista da América: a questão do outro. São Paulo: Martins Fontes, 2016.

WONG, Hertha D. Sending my Heart Back Across the Years: Tradition and Innovation in Native American Autobiography. Nova Iorque: Oxford University Press, 1992.

Published

2020-07-18