Na linha do advento histórico da língua portuguesa
norma, variação e mudança
DOI:
https://doi.org/10.24206/lh.v11i2.65501Palavras-chave:
Língua portuguesa, História, Variação Linguística, Mudança LinguísticaResumo
Falado em diferentes latitudes geográficas, o português conformou-se, em seu advir histórico, em língua multicultural e multiespacial de expressão, sendo, na atualidade, referenciador de pluralidades e mediador de variadas perspectivas de representação. Sua trajetória, registrada pela escrita há pelo menos oito séculos, demonstra processos de variação e de mudança. Estes se foram construindo, micro e macroscopicamente, no esteio da história, refletindo as naturezas sintrópica e entrópica a que se sujeitam todas as línguas naturais, isto é, à integração pendular existente entre a energia que compõe e movimenta o seu sistema linguístico e o papel das variáveis aleatoriamente ou randomicamente impulsionadas por seu sistema social. Neste artigo, pretende-se realizar uma incursão a aspectos de variação e de mudança, próprios do português, em diferentes níveis de análise linguística, desde sua origem, no período arcaico, até o português brasileiro, contemporâneo, permitindo-se comparações pontuais com outras variedades da língua portuguesa no mundo, assim como com crioulos de base lexical portuguesa. Sob a ótica da linguística histórica, busca servir de macro esboço do processo de constituição da língua, de forma dinâmica e exemplar, no sentido de sua representação no tempo, cronologicamente avaliado, e no espaço, em que se constituiu e em que hoje se manifesta dialetal e diastraticamente.
Downloads
Referências
ANTUNES, Irandé. Território das palavras: estudo do léxico em sala de aula. São Paulo: Parábola, 2012.
ARGOTE, Jerónimo Contador de. Regras da lingua portugueza, espelho da lingua latina. Lisboa Occidental: Off. da Musica, 1725.
BYNON, Theodora. Historical linguistics. Cambridge: Cambridge University Press, 1977.
CARVALHO, Maria José. Do português arcaico ao português moderno: contributos para uma nova proposta de periodização. Dissertação de mestrado. Coimbra: Faculdade de Letras, 1996.
CARVALHO, Maria José. Sociolinguística histórica: estatuto, metodologia e problemas. Revista Portuguesa de Filologia, vol. XXII, 1998.
CASTRO, Ivo. Introdução à história do português. 2ª ed. Lisboa: Colibri, 2006.
CLYNE, Michael (Ed.). Pluricentric languages. Differing norms in different nations. Berlin/New York: Mouton de Gruyter, 1992.
COSERIU, Eugenio, Sincronía, diacronía e historia. El problema del cambio lingüístico. 3ª ed. Madrid: Gredos, 1988.
COSERIU, Eugenio. Sincronia, diacronia e história: o problema da mudança lingüística. Rio de Janeiro: Presença; São Paulo: Universidade de São Paulo, 1979.
COUTO, Hildo Honório; EMBALÓ, Filomena. Literatura, língua e cultura na Guiné-Bissau: um país da CPLP. Papia. Revista brasileira de estudos do contato linguístico, 20, 2010.
CUESTA, Pilar Vasquez. Observações sobre o português em Moçambique. In: Actas do XX Congresso Internacional de Linguística e Filoloxía e Románicas. Santiago, 1989, p. 631-647.
FARACO, Carlos Alberto. Linguística histórica: uma introdução ao estudo da história das línguas. São Paulo: Parábola Editorial, 2005.
HUMBOLDT, Wilhelm Von. Ueber die Verschiedenheit des Menschlichen Sprachbaues. Darmsdat (ed. H. Nette), 1949.
JESUS, Paula; OLIVEIRA, Gilvan. (2018). Ensinando línguas em uma perspectiva pluricêntrica: o Portal do Professor de Português Língua Estrangeira/Língua Não Materna (PPPLE). Domínios de Lingu@gem, vol. 12, n. 2, p. 1043-1070, 2018.
KOSELLECK, Reinhart. Futuro passado: contribuição à semântica dos tempos históricos. Trad.: Wilma Maas; Carlos Pereira. Rio de Janeiro: Contraponto/PUCRio, 1979.
LEÃO, Duarte Nunes. Ortografia e origem da língua portuguesa. Introdução, notas e leitura de Maria Leonor Carvalhão Buescu. Lisboa: Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 1983[1606].
LOBO, Tânia. A sintaxe dos clíticos: o século XVI, o século XX e a constituição da norma padrão. In: MATTOS E SILVA, Rosa Virgínia; MACHADO FILHO, Américo Venâncio Lopes (Orgs.). O português quinhentista: estudos lingüísticos. Salvador: EDUFBA, 2002. p. 83-101.
MACHADO FILHO, Américo. Diálogos de São Gregório: edição e estudo de um manuscrito medieval português. Salvador: Edufba/Mosteiro de São Bento da Bahia, 2008.
MACHADO FILHO, Américo. Ende e hi no período arcaico do português. In: COSTA, Sônia; MACHADO FILHO, Américo (Orgs.). Do português arcaico ao português brasileiro. Salvador: Edufba, 2004. p. 83-113.
MACHADO FILHO, Américo. The history of the lexicon. In: KABATEK, Johannes; WALL, Albert. Manual of Brazilian Portuguese Linguistics. Berlin: De Gruyter, 2022. p. 193-218.
MAIA, Clarinda de Azevedo. História do galego-português: Estado linguístico da Galiza e do Noroeste de Portugal desde o século XIII ao século XVI (Com referência à situação do galego moderno). Coimbra: INIC, 1986.
MARQUILHAS, Rita. A faculdade das letras. Leitura e escrita em Portugal no séc. XVII. Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2000.
MARTINET, André. Fonction et dynamique des langues. Paris: Armand Colin Éditeur, 1989.
MARTINS, Ana Maria. Mudança sintáctica e história da língua portuguesa. In: História da língua e história da gramática. Braga: Centro de Estudos Humanísticos, Universidade do Minho, 2002. p. 251-297.
MATTOS E SILVA, Rosa Virgínia. A carta de Caminha: testemunho linguístico de 1500. Salvador: Edufba, 1996.
MATTOS E SILVA, Rosa Virgínia. A mais antiga versão portuguesa dos “Quatro livros dos diálogos de São Gregório”. Edição crítica com introdução e índice geral das palavras lexicais. São Paulo: Universidad de São Paulo, 4 vol. Mimeo. Tese de doutorado inédita, 1971.
MATTOS E SILVA, Rosa Virgínia. A variação ser/ estar e haver/ter nas Cartas de D. João III entre 1540 e 1553: comparação com os usos coetâneos de João de Barros. In: MATTOS E SILVA, Rosa Virgínia; MACHADO FILHO, Américo. O português quinhentista: estudos linguísticos. Salvador: Edufba, 2002.
MATTOS E SILVA, Rosa Virgínia. O português arcaico: uma aproximação. 2 v. Lisboa: IN-CM, 2008.
MEDEIROS, Carolina Salgado Lacerda Medeiros. Ter/haver + particípio passado: um caso de mudança no Português Arcaico. Rio de Janeiro: UFRJ / FL, 2014.
MEIRELES, Cecília. Obra poética. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1983.
MENDES, Edleise. Pluricentrismo linguístico, ensino e produção de materiais de Português LE no PPPLE. In: ALVAREZ, Maria Luísa Ortiz; GONÇALVES, Luís. (Orgs.). O Mundo do Português e o Português no Mundo Afora: especificidades, implicações e ações. Campinas: Pontes, 2016. p. 293-310.
MINGAS, Amélia. Interferência do kimbundo no português falado em Lwanda. Porto: Campo das Letras, 2000.
MUHR, Rudolf. Linguistic dominance and non-dominance in pluricentric languages. A typology. In: MUHR, Rudolph (Ed.). Non-dominant varieties of pluricentric languages. Getting the picture. In memory of Michael Clyne. Frankfurt am Main: Peter Lang, 2012. p. 23-62.
OLIVEIRA MARQUES, Antonio Henrique de. A sociedade medieval portuguesa. Lisboa: Sá da Costa, 1964.
OSÓRIO, Paulo; GARCÍA MARTÍN, Ana María. Proximidad lingüística del español y el portugués. In: La Proyección Internacional del Español y el Portugués: el Potencial de la Proximidad Lingüística. Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2020. p. 55-79.
OSÓRIO, Paulo. Contributos para uma caracterização sintáctico-semântica do português arcaico médio. Covilhã: UBI Editora, 2004.
PEREIRA, Dulce; RETO, Luís. O processo de internacionalização do português: história da sua expansão e situação atual. In: La Proyección Internacional del Español y el Portugués: el Potencial de la Proximidad Lingüística. Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2020. p. 101-124.
PERES, João Andrade; MÓIA, Telmo. Áreas críticas da língua portuguesa. Lisboa: Caminho, 1995.
PINTO, Adelina Angélica. A africada [ts] em português: estudo sincrónico e diacrónico. Boletim de Filologia, tomo XXVI, p. 139-192, 1980-1981.
ROVELLI, Carlo. A ordem do tempo. Tradução de Silvana Cobucci. Lisboa: Objectiva, 2018.
SAPIR, Edward. Language: an introduction to the study of Speech. New York: Harcourt Barce Jovanovitch Inc, 1921.
SCHLIEBEN-LANGE, Briggite. História do falar e história da linguística. Trad. Fernando Tarallo. Campinas: Edunicamp, 1993.
SHAKESPEARE, William, 1564-1616. 50 sonetos. Tradução Ivo Barroso; Prefácio Antônio Houaiss; Estudo Nehemias Gueiros. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2015.
SILVA NETO, Serafim. História da língua portuguesa. 6ª ed. Rio de Janeiro, Lisboa: Presença / Dinalivro, 1992.
SILVA, Jaime Ferreira; OSÓRIO, Paulo. Introdução à história da língua portuguesa: dos factores externos à dinâmica do sistema linguístico. Lisboa: Edições Cosmos, 2008.
SOARES DA SILVA, Augusto. O português no mundo e a sua estandardização: entre a realidade de uma língua pluricêntrica e o desejo de uma língua internacional. In: O Português na Casa do Mundo, Hoje. V. N. Famalicão/Braga/BabeliUM: Húmus, 2018. p. 111-132.
SOARES DA SILVA, Augusto. Measuring and parameterizing lexical convergence and divergence between European and Brazilian Portuguese. In: Advances in Cognitive Sociolinguistics. Berlin/New York: Mouton de Gruyter, 2010. p. 41-83.
TEYSSIER, Paul. História da língua portuguesa. Tradução de Celso Cunha. 5ª edição. Lisboa: Livraria Sá da Costa, 1993.
WEINREICH, Uriel; LABOV, William; HERZOG, Marvin. Empirical Foundations for a Theory of Language Change. In: LEHMANN, Winfred Philip; MALKIEL, Yakov. (Eds.). Directions for Historical Linguistics: A Symposium. Austin: University of Texas Press, 1968. p. 95-195.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Américo Venâncio Lopes Machado Filho, Paulo Osório

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Os autores que publicam nesta revista concordam com o seguinte:
a. Os autores detêm os direitos autorais dos artigos publicados; os autores são os únicos responsáveis pelo conteúdo dos trabalhos publicados; o trabalho publicado está licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional, que permite o compartilhamento da publicação desde que haja o reconhecimento de autoria e da publicação pela Revista LaborHistórico.
b. Em caso de uma segunda publicação, é obrigatório reconhecer a primeira publicação da Revista LaborHistórico.
c. Os autores podem publicar e distribuir seus trabalhos (por exemplo, em repositórios institucionais, sites e perfis pessoais) a qualquer momento, após o processo editorial da Revista LaborHistórico.