O “mineirês” e a diversidade dialetal em Minas Gerais
patrimônio cultural imaterial
DOI:
https://doi.org/10.24206/lh.v11i1.66355Palavras-chave:
mineirês, patrimônio imaterial, registro, salvaguarda, Minas GeraisResumo
Este texto defende que é necessário considerar patrimônio imaterial de Minas Gerais o dialeto conhecido popularmente como mineirês bem como proceder ao seu registro e à sua salvaguarda. Os processos de registro patrimonial de dialetos e línguas falados em solo brasileiro surgiram nos últimos anos atendendo às recomendações da UNESCO, que, desde a Conferência de 1989, prevê que os Estados Membros comecem a considerar os bens culturais imateriais como passíveis de salvaguarda e cuidado por parte do poder público e dos órgãos de cultura tanto quanto o são os bens materiais. O objeto do texto é interdisiciplinar e demanda uma bibliografia constituída de referenciais de naturezas diversas, como os documentos da UNESCO e dos órgãos de cultura, além dos Projetos de Lei sobre a patrimonialização de dialetos ou línguas. Como os processos de patrimonialização de bens imateriais se fazem a partir da valorização que uma dada comunidade dá a um certo bem, é compreensível que mesmo os textos acadêmicos que tratam do assunto, como este artigo, incluam, em sua bibliografia, matérias e textos de jornais, de revistas, de postagens nas redes sociais, da televisão e do rádio. A caracterização do “mineirês”, por sua vez, vem sendo feita cientificamente há cerca de, no mínimo, quatro décadas, e aponta para uma dificuldade de delimitação dialetal, discutida neste texto.
Downloads
Referências
ANTUNES, L. B.; RANGEL, C. V. A. R. Descrição das vogais orais do português falado na região do Vale do Aço. Principium (UNILESTEMG. Impresso), v. 1, p. 93-103, 2001.
ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Projeto de Lei nº 1443/2023: Declara patrimônio cultural imaterial do Estado do Rio de Janeiro o sotaque carioca. Rio de Janeiro, RJ: Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, 27 jun. 2023. Disponível em: https://www3.alerj.rj.gov.br/lotus_notes/default.asp?id=161&url=L3NjcHJvMjMyNy5uc2YvMTA2MWY3NTlkOTdhNmIyNDgzMjU2NmVjMDAxOGQ4MzIvNTZiOTNhODNkZDBlZTkzZTAzMjU4OWRiMDA1YWZiZTM/T3BlbkRvY3VtZW50.
BRASIL. PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. Decreto nº 3.551, de 4 de agosto de 2000. Institui o Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial que constituem patrimônio cultural brasileiro, cria o Programa Nacional do Patrimônio Imaterial e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 4 ago. 2000. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3551.htm.
CÂMARA DOS DEPUTADOS. Projeto de Lei nº 1676/1999: Dispõe sobre a promoção, a proteção, a defesa e o uso da Língua Portuguesa e dá outras providências. Brasília, DF: Câmara dos Deputados, 15 set. 1999. Disponível em: https://imagem.camara.gov.br/Imagem/d/pdf/DCD04NOV1999.pdf#page=106.
CÂMARA MUNICIPAL DO RIO DE JANEIRO. Projeto de Lei nº 171/2013: Declara, como Patrimônio cultural de natureza imaterial da cidade do Rio de Janeiro, o sotaque carioca. Rio de Janeiro, RJ: Câmara Municipal do Rio de Janeiro, 16 abr. 2013. Disponível em: http://aplicnt.camara.rj.gov.br/APL/Legislativos/scpro1316.nsf/f6d54a9bf09ac233032579de006bfef6/03278c99d800a75903257b4f00512af8?OpenDocument.
CHACON, T. C. et al. Guia de pesquisa e documentação para o INDL: Patrimônio cultural e diversidade linguística. Brasília, DF: IPHAN, 2014. Disponível em: http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/Guia%20de%20Pesquisa%20e%20Documentação%20para%20o%20INDL%20-%20Volume%201.pdf.
COELHO, M. S. V. Uma abordagem variacionista do uso da forma VOCÊ no norte de Minas. 1999. Dissertação (Mestrado em Letras) – Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG. Disponível em: http://www.poslin.letras.ufmg.br/defesas/393M.pdf.
DIAS, M. R. Estudo comparativo da variação das vogais médias pretônicas em falares mineiros. 2014. Tese (Doutorado em Letras) – Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG. Disponível em: http://hdl.handle.net/1843/MGSS-9PPQHP.
GRUPO DE TRABALHO DA DIVERSIDADE LINGUÍSTICA DO BRASIL (GTDL). Relatório de Atividades. Brasília, DF: IPHAN, 2006-2007. Disponível em: http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/12_2%20Audiência%20Pública%20Debate%20Diversidade%20Linguística%20no%20Brasil.pdf.
LABOV, W. The social stratification of English in New York City. Washington, D.C.: Center for Applied Linguistics, 1966.
LIMA, A. Minas, uai! Pesquisadores da UFMG identificam características típicas do linguajar do povo mineiro. Minas Faz Ciência, p. 47-49, 2006-2007. Disponível em: http://www.letras.ufmg.br/labval/pdf/isso_e_minas_uai.pdf.
MINAS GERAIS. Lei Ordinária nº 12.701, de 23 de dezembro de 1997. Dispõe sobre a valorização da Língua Portuguesa no Estado. Belo Horizonte, MG: Assembleia Legislativa de Minas Gerais, 1997. Disponível em: https://www.almg.gov.br/legislacao-mineira/LEI/12701/1997/.
MIRANDA, M. P. S. A língua portuguesa como patrimônio cultural do Brasil. Consultor Jurídico, 17 jun. 2017. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2017-jun-17/lingua-portuguesa-patrimonio-cultural-brasil/.
PREFEITURA MUNICIPAL DE PIRACICABA. Decreto nº 16.766/2016: Dispõe sobre o registro do “Dialeto e Sotaque Piracicabano” como Patrimônio Histórico e Cultural Imaterial da cidade de Piracicaba. Piracicaba, SP: Prefeitura Municipal de Piracicaba, 25 ago. 2016. Disponível em: https://conselhos.piracicaba.sp.gov.br/codepac/files/2016/11/Decreto-n%C2%B0-16.766-de-2016-Sotaque-e-Dialeto-Caipira-de-Piracicaba.pdf.
RAMOS, J. M. Avaliação de dialetos brasileiros: O sotaque. Revista de Estudos da Linguagem, v. 13, n. 1, p. 141-146, 1997a.
RAMOS, J. M. O uso das formas Você, Ocê e Cê no dialeto mineiro. In: ORA, D. (Org.). Diversidade linguística no Brasil. João Pessoa: Idéia, 1997b.
ROCHA, A. P. A.; ANTUNES, L. B. Divisão dialetal em Minas Gerais: Notas sobre os aspectos fonéticos. In: RAZKY, A. et al. (Orgs.). Estudos Sociodialetais do Português Brasileiro. Campinas: Pontes, 2014. v. 1, p. 97-111.
ROCHA, A. P. A.; ANDRADE, F. E. A relação entre dialetologia e história: reflexões teórico-metodológicas para o estudo do português usado em Minas Gerais. In: CASTILHO, A.; RAMOS, J. M.; OLIVEIRA, M. de (orgs.). História do português brasileiro: dialetação e povoamento – da história linguística à história social. São Paulo: Contexto, 2021. v. 10, p. 280-301.
SADA, C. A. P. Línguas como Patrimônio Cultural Imaterial: da Memória Oral ao Registro. In: XV ENECULT - Encontro de Estudos Multidisciplinares em Cultura. Salvador, BA: UFBA, 2019. Disponível em: https://www.enecult.ufba.br/modulos/submissao/Upload-484/112073.pdf.
SANTOS, A. M. B. dos. A suposta supremacia da fala carioca: uma questão de norma. In: VII Congresso Nacional de Linguística e Filologia. Rio de Janeiro: Cadernos do CNLF, 2003. Disponível em: http://www.filologia.org.br/viicnlf/anais/caderno12-07.html.
UNESCO. Recomendação sobre a salvaguarda da cultura tradicional e popular (25ª Reunião da Conferência Geral). Paris, 1989. Tradução do IPHAN. Disponível em: http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/Recomendacao%20Paris%201989.pdf.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Ana Paula Antunes Rocha

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Os autores que publicam nesta revista concordam com o seguinte:
a. Os autores detêm os direitos autorais dos artigos publicados; os autores são os únicos responsáveis pelo conteúdo dos trabalhos publicados; o trabalho publicado está licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional, que permite o compartilhamento da publicação desde que haja o reconhecimento de autoria e da publicação pela Revista LaborHistórico.
b. Em caso de uma segunda publicação, é obrigatório reconhecer a primeira publicação da Revista LaborHistórico.
c. Os autores podem publicar e distribuir seus trabalhos (por exemplo, em repositórios institucionais, sites e perfis pessoais) a qualquer momento, após o processo editorial da Revista LaborHistórico.