O “mineirês” e a diversidade dialetal em Minas Gerais
patrimônio cultural imaterial
DOI:
https://doi.org/10.24206/lh.v11i1.66355Palabras clave:
mineirês, patrimônio imaterial, registro, salvaguarda, Minas GeraisResumen
Este texto defende que é necessário considerar patrimônio imaterial de Minas Gerais o dialeto conhecido popularmente como mineirês bem como proceder ao seu registro e à sua salvaguarda. Os processos de registro patrimonial de dialetos e línguas falados em solo brasileiro surgiram nos últimos anos atendendo às recomendações da UNESCO, que, desde a Conferência de 1989, prevê que os Estados Membros comecem a considerar os bens culturais imateriais como passíveis de salvaguarda e cuidado por parte do poder público e dos órgãos de cultura tanto quanto o são os bens materiais. O objeto do texto é interdisiciplinar e demanda uma bibliografia constituída de referenciais de naturezas diversas, como os documentos da UNESCO e dos órgãos de cultura, além dos Projetos de Lei sobre a patrimonialização de dialetos ou línguas. Como os processos de patrimonialização de bens imateriais se fazem a partir da valorização que uma dada comunidade dá a um certo bem, é compreensível que mesmo os textos acadêmicos que tratam do assunto, como este artigo, incluam, em sua bibliografia, matérias e textos de jornais, de revistas, de postagens nas redes sociais, da televisão e do rádio. A caracterização do “mineirês”, por sua vez, vem sendo feita cientificamente há cerca de, no mínimo, quatro décadas, e aponta para uma dificuldade de delimitação dialetal, discutida neste texto.
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