Contextos e projeções na escrita e composição de Ualalapi (1987), de Ungulani Ba Ka Khosa
DOI:
https://doi.org/10.35520/mulemba.2022.v14n27a53731Palabras clave:
Ungulani Ba Ka Khosa, Ualalapi, Ngungunhane, literatura moçambicana.Resumen
As literaturas africanas de países de língua oficial portuguesa mostram-se como documentos da memória cultural dos espaços em que são produzidas, principalmente aquelas escritas no pós-independência. Ungulani Ba Ka Khosa desponta como um dos escritores que faz uso das memórias ancestrais e escreve suas obras envolto em uma atmosfera da contação de estórias e discursos proverbiais próprios da cultura ancestral africana, muitas vezes ao revés dos discursos historiográficos em curso. Seu primeiro livro Ualalapi (1987) é um grande exemplo disso. O presente artigo pretende evidenciar os contrastes, semelhanças e relações entre a historiografia e o discurso literário construído por Khosa, buscando também comparar esses discursos, através da análise textual. O autor recria em sua narrativa acontecimentos do período da formação e derrocada do império de Ngungunhane (1884-1895), considerado um dos maiores imperadores africanos. Ele nos brinda com uma narrativa forte e desafiadora, na qual não apenas os vultos históricos como também os fatos são colocados à prova. Neste artigo, a figura de Ngungunhane é analisada sob a ótica histórica e literária através de um estudo comparativo e analítico trazendo à baila versões outras das históricas, diferentes daquelas que circulavam em Portugal baseadas em relatórios e outros documentos oficiais, tomando como base o exercício proposto por Khosa na produção da narrativa em tela. Constata-se o empenho do autor de não apenas aludir aos fatos, mas também remontá-los utilizando fontes locais, circulares e de dentro.
Descargas
Citas
ADICHIE, Chimamanda. “O perigo da História Única”. Vídeo da palestra da escritora nigeriana no evento Tecnology, Entertainment and Design (TED Global 2009). <http://www.ted.com/talks/chimamanda_adichie_the_danger_of_a_single_story?language=pt>. Acesso em: 27 jun. 2021.
AFONSO, Maria Fernanda. O conto moçambicano: escritas pós-coloniais. Lisboa: Caminho, 2004.
APPIAH, Kwame Anthony. Na casa de meu pai; a África na filosofia da cultura. Trad. Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Contraponto, 1997.
BENJAMIN, Walter. Sobre O conceito de História. In: Magia e técnica, Arte e Política. Ensaios sobre Literatura e história da cultura. Vol.1. São Paulo: Ed. Brasiliense, 1987.
CABAÇO, José Luís. Moçambique: identidade, colonialismo e libertação. São Paulo: Ed. UNESP, 2009.
COUTO, Mia. E se Obama fosse africano? São Paulo: Companhia das Letras, 2011.
_________. Mulheres de Cinza. São Paulo: Companhia das Letras, 2015. As areias do Imperador, 1.
_________. Sombras da água. São Paulo: Companhia das Letras, 2015. As areias do Imperador, 2.
CHABAL, Patrick. Vozes moçambicanas: literatura e nacionalidade. Porto: Vega, 1994.
HAMILTON, Russell G. A literatura dos PALOP e a Teoria Pós-colonial. Via Atlântica. São Paulo, n. 3, dez, 1999.
CUNHA, Paulo Jose. Quando a verdade acaba, basta fabricar outra. Disponível em: https://congressoemfoco.uol.com.br/area/governo/quando-a-verdade-acaba-basta-fabricar-outra/. Acesso em 20 de Jul. de 2022.
FONSECA, Maria Nazareth Soares; CURY, Maria Zilda Ferreira. Mia Couto: espaços ficcionais. Belo Horizonte: Autêntica, 2008.
HONWANA, Luís Bernardo. A velha casa de madeira e zinco. Maputo: Alcance, 2019.
HUTCHEON, Linda. Poética do Pós-Modernismo – História, Teoria, Ficção. Trad. Ricardo Cruz. Rio de Janeiro: Imago, 1991.
KHOSA, Ungulani Ba Ka. Ualalapi. Lisboa: Caminho, 1990.
KHOSA, Ungulani Ba Ka . Ualalapi. Belo Horizonte: Nandyala, 2013.
KHOSA, Ungulani Ba Ka. Entrevista concedida ao jornalista Allan da Rosa. Disponível em:< https://tvcultura.com.br/videos/26724_entrelinhas-ungulani-ba-ka-khosa.html >Acesso em 18 ago. 2016 .
______.Entrevista concedida ao jornalista Eduardo Quive. Disponível em: http://revistaliteratas.blogspot.com.br/2012/09/leituras-charrua-na-voz-do-seu-primeiro.html> Acesso em 02 de Set. 2020.
______.Entrevista concedida a Rogério Manjate. Disponível em: http://www.jayrus.art.br/Apostilas/LiteraturaAfricana/Ungulani_Ba_Ka_Khosa.htm>. Acesso 20 jan. 2016.
MATA, Inocência. O pós-colonial nas literaturas africanas de expressão portuguesa. In: SEPÚLVEDA, Maria do Carmo; SALGADO, Maria Teresa (org.). África & Brasil: letras em laços. v.1. Rio de Janeiro: Atlântica, 2000.
MATA, Inocência. A condição pós-colonial das literaturas africanas de língua portuguesa: algumas diferenças e convergências e muitos lugares-comuns. In: LEÃO, Ângela Vaz (org.). Contatos e ressonâncias: literaturas africanas de língua portuguesa. Belo Horizonte: Editora PUC Minas, 2003.
NOA, Francisco. Império, mito e miopia: Moçambique como invenção literária. Lisboa: Caminho, 2002.
RIBEIRO, Maria de Fátima Maia. De Honwana a Ba Ka Khosa e Mia Couto: trânsitos de literatura e memória na narrativa moçambicana. Texto apresentado no VI Encontro de Professores de Literaturas Africanas/ AFROLIC. Recife, 2016. (no prelo).
ROSA, João Guimarães Tutameia – Terceiras Estórias. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1967.
ROSÁRIO, Lourenço do. A narrativa africana de expressão oral: transcrita em português. Luanda: Angolê, 1989.
SALGADO, T.; SEPÚLVEDA, M. do C. África e Brasil: letras e laços. Rio de Janeiro: Atlântica, 2000.
SANTIAGO, Gilberto Torres Alves. Gungunhana - Herói/Anti-herói. 2015. Dissertação (Mestrado em Línguas Literaturas e Culturas) - Universidade de Aveiro, Portugal. 2015. Disponível em: https://ria.ua.pt/bitstream/10773/16381/1/Gungunhana%20-%20Her%C3%B3i%20_Anti-her%C3%B3i.pdf. Acesso em 17 de março de 2017.
SANTOS, Gabriela Aparecida dos. Reino de Gaza: o desafio português na ocupação do sul de Moçambique (1821-1897). 2007. Dissertação (Mestrado em História) – Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo. 2007.
VILHENA, Maria da Conceição. Gungunhana no seu reino. Lisboa: Edições Colibri, 1996.
______.Gungunhana: grandeza e decadência de um império africano. Lisboa: Edições Colibri, 1999.
Descargas
Publicado
Número
Sección
Licencia
Los autores que publican en esta revista concuerdan con los siguientes términos:
- Los autores mantienen los derechos autorales y conceden a la revista el derecho de primera publicación, con el trabajo simultáneamente licenciado bajo la Licencia Creative Commons Attribution que permite compartir el trabajo con reconocimiento de la autoría y publicación inicial en esta revista.
- Los autores tienen autorización para asumir contratos adicionales separadamente, para distribución no exclusiva de la versión del trabajo publicada en esta revista (ej.: publicar en repositorio institucional o como capítulo de libro), con reconocimiento de autoría y publicación inicial en esta revista.
- Los autores tienen permiso y son estimulados a publicar y distribuir su trabajo online (ej.: en repositorios institucionales o en su página personal) en cualquier momento antes o durante el proceso editorial, ya que eso puede generar alteraciones productivas, así como aumentar el impacto y la citación del trabajo publicado (Vea El Efecto del Acceso Libre).