Entre a França e o Brasil, relação e violência, na poesia e na tradução
Resumo
Diante da perspectiva sempre crescente, em nosso mundo entrecortado por fronteiras, de encontros e choques entre os corpos e as línguas que multiplicam e embaralham em toda parte seus rastros e resíduos, como constituir lugares comuns de vida e de pensamento que extrapolem o enquadramento de um território ou de uma língua como espaços cercados, como espaços de clausura, lugares de vida e de pensamento que se ponham, assim, como limiares de passagem, ou de partilha, mais ou menos precários, por vezes violentos, mas onde, ainda que provisoriamente, “nós”, pronome pessoal, e “nós”, substantivo comum, possam se enodar, se desnodar, se reenodar? Como, em suma, constituir espaços de relação? Para discutir como essas questões se desenvolvem em minhas pesquisas entre a poesia e a tradução, entre a França e o Brasil, começarei com uma breve apresentação da relação entre poesia e língua materna sob o ponto de vista do poeta francês contemporâneo Christian Prigent; posteriormente, destacarei alguns aspectos das reflexões teóricas de Édouard Glissant, Jean-Christophe Bailly e Marielle Macé, pontuando-as com a leitura de alguns poemas de escritores brasileiros contemporâneos. Concluirei com um pequeno exemplo de tradução de poesia reunindo os poetas Augusto dos Anjos e Christian Prigent.
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