A política necro-racista e a questão racial na Bahia Regencial: uma análise da Revolta dos Malês e da Sabinada (1831-1840)

Auteurs

  • Marcos Gabriel Ruas Benedito Universidade Estadual do Oeste do Paraná.

Mots-clés :

Política, Necro-racista, Zona do ser, Zona do Não-ser

Résumé

Este artigo busca compreender as diferentes formas de aplicação da política necro-racista por parte do Estado Imperial brasileiro no contexto de dois eventos revoltosos ocorridos durante o período regencial, compreendido entre os anos de 1831 a 1840, na Bahia: a Revolta dos Malês (1835) e a Sabinada (1837-1838). Nesse sentido, mostraremos a princípio uma definição do arsenal terminológico necessário à empreitada. Depois, dissecaremos o contexto histórico compassado tanto a priori da aplicação da política necro-racista (conforme definida por Wallace de Moraes) quanto a posteriori desta. Passaremos então aos efeitos da aplicação de tal política nos indivíduos participantes dos processos revoltosos, com enfoque naqueles encaixados na zona do não-ser (conforme a divisão entre zona do ser e zona do não-ser proposta por Frantz Fanon). Conclui-se com a análise histórica do legado da política necro-racista no decorrer do período analisado.

Téléchargements

Les données relatives au téléchargement ne sont pas encore disponibles.

Biographie de l'auteur

Marcos Gabriel Ruas Benedito, Universidade Estadual do Oeste do Paraná.

Graduando em História - Licenciatura.

Références

BERNARDINO-COSTA, Joaze. A prece de Frantz Fanon: oh, meu corpo, faça sempre de mim um homem que questiona!.Civitas - Revista de Ciências Sociais, Porto Alegre, v. 16, n. 3, p. 504-521, 28 nov. 2016.

BLAKE, Sacramento. Diccionario Bibliographico Brazileiro. Brasil, 1898. BOSI, Alfredo. A escravidão entre dois liberalismos. Estudos Avançados,São Paulo, v. 2, n. 3, p. 4-39, dez. 1988.

BOSI, Alfredo. Dialética da colonização. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.

CARVALHO, José Murilo de. A construção da ordem: a elite política imperial. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2008.

CASTELLUCCI JUNIOR, W. No entorno de Todos os Santos: tráfico ilegal e revoltas escravas no Recôncavo (Bahia: 1831-1850). In: CAROSO, C., TAVARES, F., and PEREIRA, C., orgs. Baía de todos os santos: aspectos humanos. Salvador: EDUFBA, 2011, pp. 103-127.

DINIZ, Débora; CARINO, Giselle. A necropolítica como regime de governo. 2019. Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2019/07/09/opinion/1562688743_395031.html. Acesso em: 2 ago. 2021.

FANON, Frantz. Os condenados da terra. Rio de Janeiro. Civilização Brasileira, 1968.

FANON, Frantz. Pele negra, máscaras brancas. Salvador: EdUfba, 2008.

GROSFÓGUEL, Ramón. El concepto de «racismo» en Michel Foucault y Frantz Fanon: ¿teorizar desde la zona del ser o desde la zona del no-ser?Tabula Rasa, ISSN 1794-2489, Bogotá, v. 1, n. 16, p. 81-102, abr. 2012.

LARA, Silvia Hunold. Biografia de Mahommah G. Baquaqua. In: Revista Brasileira de História, Rio de Janeiro: ANPUH/Marco Zero, v. 8, n. 16, 1989.

LOPES, Juliana Serzedello Crespim. Liberdade, Liberdades: dilemas da escravidão na Sabinada (Bahia, 1837-1838). Sankofa, São Paulo, v. 3, n. 6, p. 26, 6 dez. 2010.

MBEMBE, Achille. Necropolítica: biopoder, soberania, estado de exceção, política da morte. São Paulo: N-1 Edições, 2018.

MORAES, Wallace de. Historicídio e as Necrofilias Colonialistas Outrocidas - Uma Crítica Decolonial Libertária. 2020. Disponível em: https://cpdel.ifcs.ufrj.br/historicidio-e-as-necrofilias-colonialistas-outrocidas-umacritica-decolonial-libertaria/. Acesso em: 12 jul. 2021.

MOREL, Marco. O Período das Regências (1831-1840). Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003.

NABUCO, J. O mandato da raça negra. In: O abolicionismo. Rio de Janeiro: Centro Edelstein de Pesquisas Sociais,pp. 13-17, 2011.

NEUMANN, Eduardo Santos. As populações indígenas na Guerra dos Farrapos (1835-1845). Revista de História,São Paulo, v. 1, n. 171, p. 83-109, 18 dez. 2014.

PESAVENTO, Sandra Jatahy. A Revolução Farroupilha. 4. ed. Porto Alegre: Martins Livreiro, 2014. REIS, João José. Rebelião Escrava no Brasil: A História do Levante dos Malês em 1835. São Paulo: Brasiliense, 1986.

RICCI, Magda. Cabanagem, cidadania e identidade revolucionária: o problema do patriotismo na Amazônia entre 1835 e 1840. Tempo, Rio de Janeiro, v. 11, n. 22, p. 5-30, 2007.

SANTOS, Boaventura de Sousa. Epistemologías del sur. México: Siglo XXI. 2010.

SANTOS, FG. A cidade, o porto e o comércio. In: Economia e Cultura do Candomblé na Bahia: o comércio de objetos litúrgicos afro-brasileiros - 1850/1937. Ilhéus, BA: Editus, 2013, pp. 35-93.

SCHWARCZ, Lilia Moritz. As Barbas do Imperador. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.

TROUILLOT, Michel-Rolph. Silenciando o Passado: poder e a produção da história. Curitiba: Huya, 2016.

Téléchargements

Publiée

2022-04-04

Numéro

Rubrique

Artigos