DO VALONGO AO PORTO DE MAGÉ
MEMÓRIA, SILENCIAMENTO E PRÁTICAS DISCURSIVAS NO RIO DE JANEIRO
DOI:
https://doi.org/10.61358/policromias.2025.v10n2.68818Resumo
Este artigo analisa como o fechamento dos portos oficiais de tráfico negreiro, como o Cais do Valongo, não significou o fim da escravidão, mas sim seu deslocamento para zonas clandestinas como o Porto de Magé, na Baixada Fluminense. A figura de Maria Conga, símbolo de resistência espiritual e cultural, emerge como ponto central na reativação da memória negra da Baixada Fluminense, uma região marcada por exclusão social, invisibilidade e discursos racializados. Com base na Análise de Discurso materialista, propomos uma cartografia discursiva do urbano, evidenciando a cidade como território simbólico em disputa, onde sentidos de pertencimento, identidade e memória são atravessados por apagamentos e resistências. Este artigo denuncia o uso da clandestinidade como estratégia discursiva de apagamento da história negra e aponta o quilombo Maria Conga como forma de contra-memória e reinscrição simbólica. A crítica recai também sobre a mobilidade urbana como prática discursiva que atualiza o isolamento histórico dos corpos negros, relacionando a precariedade dos transportes públicos a um prolongamento simbólico do cativeiro. A proposta do texto é escutar o que foi silenciado, reconhecendo a luta dos sujeitos racializados por espaço, voz e memória na construção de uma outra cidade.
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