DO VALONGO AO PORTO DE MAGÉ

MEMÓRIA, SILENCIAMENTO E PRÁTICAS DISCURSIVAS NO RIO DE JANEIRO

Autores

DOI:

https://doi.org/10.61358/policromias.2025.v10n2.68818

Resumo

Este artigo analisa como o fechamento dos portos oficiais de tráfico negreiro, como o Cais do Valongo, não significou o fim da escravidão, mas sim seu deslocamento para zonas clandestinas como o Porto de Magé, na Baixada Fluminense. A figura de Maria Conga, símbolo de resistência espiritual e cultural, emerge como ponto central na reativação da memória negra da Baixada Fluminense, uma região marcada por exclusão social, invisibilidade e discursos racializados. Com base na Análise de Discurso materialista, propomos uma cartografia discursiva do urbano, evidenciando a cidade como território simbólico em disputa, onde sentidos de pertencimento, identidade e memória são atravessados por apagamentos e resistências. Este artigo denuncia o uso da clandestinidade como estratégia discursiva de apagamento da história negra e aponta o quilombo Maria Conga como forma de contra-memória e reinscrição simbólica. A crítica recai também sobre a mobilidade urbana como prática discursiva que atualiza o isolamento histórico dos corpos negros, relacionando a precariedade dos transportes públicos a um prolongamento simbólico do cativeiro. A proposta do texto é escutar o que foi silenciado, reconhecendo a luta dos sujeitos racializados por espaço, voz e memória na construção de uma outra cidade.

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Biografia do Autor

Rodrigo Pereira da Silva Rosa, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Doutor em Linguística pela Universidade Federal do Rio de Janeiro na linha de pesquisa Modelos Funcionais Baseados No Uso. É Pesquisador do Laboratório de Estudos do Discurso, Imagem e Som (LABEDIS) do Museu Nacional da UFRJ, onde pesquisa a relação das políticas linguísticas presentes em território fluminense com o plurilinguismo . Possui mestrado em Linguística pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2020). Possui graduação em Letras - Português e Literaturas de Língua Portuguesa (Licenciatura) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2017). 

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Publicado

2025-09-26

Edição

Seção

Artigos